Quinta-Feira, 09 de Outubro de 2014
NBA investe pesado na liga brasileira de basquete e Globo perde espaço
A Rede Globo perderá grande parte de sua influência na Liga Nacional de Basquete (LNB) com a assinatura do contrato entre a entidade e a NBA, que deve ocorrer nesta quinta-feira no Rio de Janeiro. A emissora era a principal parceira do NBB desde a sua criação, em 2008. A partir de agora, caberá basicamente à emissora carioca a transmissão das partidas (majoritariamente no seu canal fechado o SporTV, como ocorre atualmente). Toda a parte comercial, de negociação de patrocínios, estratégias de marketing, divulgação do campeonato e licenciamento de produtos será responsabilidade da NBA. O anúncio oficial está previsto para ocorrer no sábado, antes do amistoso de pré-temporada da liga americana, entre Miami Heat e Cleveland Cavaliers.
O acordo, válido inicialmente até setembro de 2017, trará ganhos financeiros imediatos à LNB. A NBA já garantiu um aporte inicial de R$ 15 milhões, dividido em três anos, com R$ 5 milhões para a realização de cada temporada. Hoje, o NBB é realizado com cerca de R$ 4,5 milhões. Os principais termos do acordo foram obtidos com exclusividade pelo UOL Esporte. A negociação da parceria havia sido revelada em primeira mão pelo blog Bala na Cesta no último dia 24 de setembro. O acordo atual entre LNB e Globo é válido até 2018.
"Somos muito gratos a Globo que nos ajudou desde o início com investimentos, e é a primeira responsável pelo NBB ter alcançado o patamar que tem hoje. Mas precisamos de alguém que cuide do produto como prioridade, que é o que a NBA fará. Ela quer que o basquete se torne o segundo esporte no Brasil e não poupará esforços. A Globo é uma gigante, com muitas coisas para cuidar", afirmou Kouros Monadjemi, ex-presidente da LNB e atual diretor de relações institucionais da entidade.
Kouros é o homem-forte desta parceria e quem tomou as dianteiras nas negociações, que contou com a participação de Jason Cahilly, chefe do departamento financeiro e estratégico da NBA, Philippe Moggio, vice-presidente da NBA na América Latina, e Arnon de Mello, diretor da NBA no Brasil. O contrato será regido pelas leis do Estado de Nova York, onde está localizada a sede da NBA e quaisquer disputas legais deverão ser solucionadas pela Câmara Internacional de Comércio (ICC na sigla em inglês).
Com o acordo, a grande expectativa da LNB é conseguir patrocínios que tornem o NBB autossustentável. Nas duas últimas temporadas, o campeonato não contou com nenhum apoio master, depois da saída de duas estatais, a Caixa Econômica Federal e a Eletrobras. A Globo, responsável pelas negociações, não conseguiu encontrar substitutos. Tanto, que atualmente, a LNB possui apenas parcerias com a Spalding para fornecimento de bolas e com a Vitamin Drink, fabricante de isotônicos. Intercâmbios nas áreas técnicas e administrativas estão previstos.
"Os patrocínios existem, mas temos de buscá-los. Com esta parceria com a NBA, parceiros deles podem ter interesse em nosso produto, como a Coca Cola, Kia, entre outros. O dinheiro estatal é bem vindo, mas é sempre preferível ter empresas privadas ao nosso lado", afirmou Kouros.
Os termos do contrato obtidos pelo UOL Esporte e datado de 2 de outubro indicam ainda que a NBA poderá fazer empréstimos à LNB de acordo com as suas necessidades de operações financeiras.
"A NBAE (Brazil Basketball, LLC, subsidiária indireta da National Basketball Association) concorda em realizar empréstimos adicionais à LNB, em dólares norte-americanos, para cobrir as despesas diretas incorridas pela LNB na operação e administração do NBB", diz trecho do documento.
Após o período experimental de três anos na parceria entre NBA e LNB, está prevista a possibilidade da criação de uma joint venture, com nome ainda indefinido, que teria como acionistas principais a NBAE e a LNB. A Rede Globo não faria parte do acordo. O desejo estipulado em contrato é que esta joint venture dure pelo menos 50 anos a partir de 2018, com renovações contratuais a cada dez anos.
De acordo com o contrato, esta a nova empresa a ser criada faria ainda qualquer investimento de ordens estruturais em ginásios a serem utilizados pelos times que disputam o NBB.
A influência da NBA na joint venture será direta. A liga americana terá o direito de nomear o diretor presidente (CEO) e três membros para o Conselho de Administração.
Procurada pela reportagem, a NBA informou que não se pronuncia sobre o assunto. A Rede Globo não comentará o assunto.
A próxima temporada do NBB, a sétima, terá início no dia 31, com o jogo entre Paulistano e Flamengo, em São Paulo.
fonte; uol.com.br