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Sexta-Feira, 15 de Junho de 2012

Nenê e Leandrinho encaram medo e nervosismo no retorno à seleção

De volta à equipe após polêmicos pedidos de dispensa, jogadores admitem que não sabiam como seriam recebidos pelo grupo. Leandrinho foi pego de surpresa quando viu seu nome na pré-lista de Rubén Magnano para os Jogos Olímpicos de Londres. Por conta de toda a polêmica em torno de seu pedido de dispensa às vésperas da Copa América de 2011, o ala chegou a pensar que seria deixado de lado. Depois da convocação, veio o medo da recepção que teria ao cruzar as portas do hotel onde a seleção se apresentou e ficará hospedada pelas próximas semanas, em São Paulo. Tinha receio de que o grupo que conquistou a vaga olímpica o rejeitasse. Um temor parecido ao de Nenê, que também volta à equipe depois de ficar fora por quase dois anos. Um papo rápido, o clima descontraído e o afago do treinador trouxeram o alívio esperado. Apesar das dúvidas levantadas, os jogadores cumpriram o protocolo e se apresentaram a Magnano na tarde de domingo, como prometido. Recebido com um abraço de cada jogador que encontrava no saguão do hotel, Leandrinho respirou aliviado. - O que significou muito para mim foi o sorriso que eles me receberam. Foi um nervosismo a menos. Eu não sabia como ia ser, não sabia o que eles pensavam de mim. Fiquei nervoso pelo jeito que tudo aconteceu. Escutei muita gente falar mal de mim, e eu não sou assim. Então, fiquei muito acanhado. O Nenê mesmo deve ter se sentido assim. Foi um obstáculo e agora temos a oportunidade de estar aqui. Agora, é esquecer o passado e bola para frente – afirmou o jogador do Indiana Pacers, da NBA. Nenê garante que o comprometimento é o maior possível. Diz que os pedidos de dispensa anteriores foram inevitáveis (lesão no joelho esquerdo antes do Mundial de 2010 e o nascimento do filho, no ano passado). Ciente das críticas que recebeu no período, o pivô do Washington Wizards garante saber lidar com elas.
- Eu não preciso dar resposta para ninguém. Sou um profissional, seja na seleção ou no clube, em me doo ao máximo. Tem gente que vai querer me apedrejar, mas não me atinge. Se quiser ajudar, “tamo junto”. Se não, tenho experiência para lidar com isso.

Durante o período, Nenê evitou entrevistas. Acreditava que não precisava responder certas críticas. Agora, de volta à seleção, o pivô quer mostrar que o retorno é merecido.

- Minha prioridade foi me recuperar, meu foco era outro. Até tolo é sábio quando fica quieto. Não era o momento de ficar falando. Estou firme e forte. Eu sou desse jeito. Não gosto de ficar pensando no mal, tento focar no positivo. Eu estou tranquilo. As pessoas tentam criar um monstro, deixa criar. Eu tomo porrada todo dia, já estou protegido. Não sinto mais.

Os dois jogadores tiveram conversas individuais com Magnano. Leandrinho diz que em nenhum momento o técnico mostrou mágoa com o passado.

- Nós (ele e Magnano) somos amigos. Conversamos sobre coisas da vida, me perguntou se eu estava feliz, eu disse que estou muito feliz. Eu só tenho a ajudar. Estou aqui e vou trabalhar para caramba. Eu tenho foco demais.

Com o Brasil fora dos Jogos desde 1996, em Atlanta, nenhum jogador do grupo tem experiência olímpica - apenas Magnano, campeão com a Argentina, já participou dos Jogos. Estar na equipe que vai representar o Brasil no retorno à competição, segundo Nenê, é um orgulho.

- Todos estamos fechados, sabemos da dimensão que as Olimpíadas têm. Só de falar em Olimpíadas dá um friozinho. Sabemos que é uma guerra, são vários gladiadores em busca da medalha. Vamos nos empenhar e jogar juntos. Temos de ter união para pegar essa energia positiva.

A partir de segunda-feira, o grupo inicia os exames médicos e os testes físicos. Os treinos de quadra começam na quarta, em um centro de treinamento em São Paulo. No dia 26 deste mês, a equipe começa a disputar torneios amistosos em São Carlos, Buenos Aires e Foz do Iguaçu. Antes de chegar a Londres, ainda haverá um amistoso contra os Estados Unidos em Washington. Na Europa, o Brasil disputa um torneio na França e estreia nos Jogos Olímpicos no dia 29 de julho, contra a Austrália.

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